domingo, 6 de janeiro de 2013

O Pedal, a Música, o Tempo, a Vida...


O terceiro pedal de um piano (da esquerda pra direita) permite o prolongamento do som das notas... Caso elas sejam tocadas sem o uso do pedal, haverá sons secos, que se findarão logo após o momento em que o dedo for retirado da tecla.

A meu leigo ver, é, de algum modo, o pedal mais importante de um piano, cuja existência é quase essencial, pois há referências a ele em muitíssimas partituras e sua função é importantíssima a diversas interpretações feitas pelo pianista.

Enquanto pressionado, permite que as cordas acionadas pelas teclas permaneçam vibrando por mais tempo, o que gera uma sensação de maior "preenchimento" da música, visto que a continuidade do som de uma nota faz com que ele se misture aos demais sons das notas posteriormente tocadas. É devido a isso, inclusive, que deve-se saber a hora certa de "soltar" o pedal (muitas vezes, indicada na própria partitura... Outras, a depender da interpretação do pianista) - caso contrário, a música terminará por ficar um tanto quanto "embolada", confusa.

Olhar para essa foto me dá uma sensação de incompletude, exatamente pelo fato de tal pedal estar quebrado.

Observar essa imagem me remete à forma como boa parte das pessoas vêm vivendo em nosso mundo - em constante correria... De um lado para outro, vão vivendo os momentos rapidamente, "secamente". Logo "tiram os dedos das teclas" e passam para as próximas. Como se os "sons" fossem descartáveis, desimportantes... O que gera uma sensação de nunca haver preenchimento. Corre-se de uma coisa para outra, de uma pessoa para outra, de uma situação para outra, buscando-se a completude que nunca vem. O tempo e o som são velozmente consumidos e descartados, assim como as coisas, pessoas, lugares...

A presença do pedal é essencial. Uma vez presente, precisamos entender, no entanto, quando apertá-lo e até quando ele deve permanecer pressionado, a fim de que, na música, haja preenchimentos distintos pelo tempo devido.

Há, ainda, quem não saiba a hora de "soltá-lo", fazendo com que tudo fique muito confuso!

Desse modo, é extremamente necessário que o pianista esteja atento à partitura e atento à sua mente e coração; atento ao Professor; atento a todos os demais pianistas. O treino precisa ser diário, prolongando-se até quando suas mãos, sua paciência e sua perseverança permitirem. Isso, para que a música possa chegar o mais clara e tocante possível aos ouvidos do próprio pianista e de todos os demais ouvintes. A responsabilidade é grande - o treino e a dedicação devem ser frequentes para que se afaste o erro (apesar de que, certamente, ele virá vez ou outra!). A percepção deve estar acurada para que aos tempos e sons seja dado o devido valor.

E que todo pianista tenha a consciência de que o objetivo não é o alcance da perfeição "pela perfeição", nem mesmo dos aplausos ou do reconhecimento alheio - a motivação é simplesmente o amor aos ouvintes e a si, e a constante demonstração de gratidão ao Criador da partitura, dos métodos e do instrumento; ao Professor que, com amor, nunca deixa de dar conselhos, demonstrar carinho, cuidado... Nunca deixa de ensinar e de dar seu tempo em prol dos tempos e sons por nós tocados.

(Rute)

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